Tire suas dúvidas sobre as falhas do Enem

O Inep (Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio de Teixeira), órgão do MEC (Ministério da Educação) responsável pela aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2010, considerou a realiazação da prova um sucesso. Porém, ao menos duas falhas técnicas aconteceram neste ano e os candidatos ficaram com muitas dúvidas sobre a correção e o futuro do exame. Veja abaixo algumas delas e o que fazer em cada caso:

Recebi a prova amarela faltando algumas questões e outras repetidas. E agora?

O MEC não descarta a possibilidade de reaplicar a prova do primeiro dia para os candidatos que receberam o caderno com folhas duplas, questões repetidas e outras ausentes. O ministério afirmou, no último domingo (7), que irá analisar cada caso individualmente para que nenhum estudante seja prejudicado. Para isso, é preciso preencher o requerimento disponível em uma página especial da internet, a partir da próxima quarta-feira (10), e fazer a reclamação individual.

O Inep não informa o número oficial de provas com falhas, mas afirma que a avaliação inicial indica pouco menos de 1% das provas do exame eram amarelas, o que daria cerca de 20 mil cadernos de questões – não se sabe, entretanto, quantas destas apresentaram problemas.

Segui a nomenclatura do cabeçalho no cartão de respostas e preenchi o gabarito invertidoO que eu faço?

Na próxima quarta-feira (10), o MEC vai abrir uma página na internet para o pedido de correção invertida. Os candidatos que começaram a responder de maneira invertida e terminaram da maneira correta também podem fazer a sua reclamação. O site ficará disponível até o dia 16 de novembro.

Disseram que a prova pode ser anulada. É verdade?

O MEC descarta essa possibilidade por enquanto. Mas, segundo o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante, os candidatos que se sentirem prejudicados devem procurar o MP (Ministério Público) e registrar uma reclamação. O MP, então, deve investigar se o erro pode comprometer o rendimento do aluno. Caso a prova realizada não possa ser aproveitada, ela deve ser anulada e o exame reaplicado.

Posso ser desclassificado porque levei o celular para a prova?

O edital do Enem proíbe a entrada de celular no local de prova. Caso o aparelho tenha tocado e atrapalhado o andamento da prova, o estudante pode ser desclassificado sim. Os candidatos que tuitaram de dentro das salas e fotografaram os cadernos de provas estão sendo ameaçados de processo pelo MEC.

Quando sai o gabarito oficial?

As respostas corretas de todas as questões dos dois dias de provas serão divulgadas na próxima terça-feira (9), às 18h, segundo o Ministério da Educação.

Haverá alteração na data de divulgação do resultado final com o resultado individual de cada candidato?

A posição do ministério desde o último sábado é que o calendário previsto será mantido.

Pode haver alteração também no cronograma das universidades que usarão a anota do Enem em seus processos seletivos?

Segundo a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), como o erro é muito recente e o MEC afirma que não haverá alteração no calendário do Enem, não há como saber se as universidades federais irão suspender a utilização da nota do exame ou alterar seus calendários para os processos seletivos.

As instituições que usam o modelo pleno do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) não deverão ter problemas, acredita a Andifes. Já, universidades que usam a nota parcialmente devem decidir assim que uma nota oficial do Ministério da Educação divulgar alguma novidade sobre a possível alteração do cronograma previsto.

 

Justiça determina suspensão imediata do Enem

A Justiça Federal determinou a suspensão imediata do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

A juíza da 7ª Vara no Ceará, Carla de Almeida Maia, acatou uma liminar do MPF (Ministério Público Federal) sob o argumento de que o erro na impressão das provas prejudicou os estudantes – ao menos 21 mil cadernos do exame do tipo amarelo trouxeram questões repetidas, páginas duplicadas e em branco.

A decisão foi publicada nesta segunda-feira (8). A Justiça entendeu ainda que o problema não será resolvido com a solução apresentada pelo Inep (órgão do Ministério da Educação responsável pelo Enem), de reaplicar a prova para o grupo de estudantes prejudicados – cerca de 2.000.

A realização de novos exames colocaria todos os candidatos que irão refazer o Enem em condição de desigualdade com os outros, avalia a juíza Carla.

A decisão afeta o Enem em todo o Brasil. A Justiça diz ainda, na nota sobre a decisão, que o fato de o presidente do Inep cogitar a realização de provas separadas para o mesmo concurso “confirma o total desconhecimento de princípios que informam os concursos públicos, entre os quais a igualdade [de chances]”.

O MEC (Ministério da Educação) afirma não ter sido notificado da decisão. No entanto, a pasta afirma que a preocupação da juíza em relação à igualdade de condições entre os candidatos do Enem está assegurada pelo uso da TRI (Teoria de Resposta ao Item), uma ferramenta baseada em cálculos matemáticos que escolhe as questões que formarão a prova.

Na avaliação da pasta, o mecanismo garante que os exames terão a mesma dificuldade, por isso não haveria problemas na reaplicação do Enem em outras datas para grupos de alunos prejudicados. A prova, inclusive, foi reaplicada em 2009 para estudantes do Espírito Santo prejudicados pela chuva.

 

A assessoria de imprensa do ministério diz que, se a juíza não voltar atrás de sua decisão, o MEC irá recorrer. A consultoria jurídica da pasta está em contato com a Justiça Federal para prestar esclarecimentos.

 

 

Ministro diz que decisão da Justiça de suspender Enem não tem efeito

O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (8) que a decisão judicial de suspender o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) na prática não tem efeito algum, pois a prova já foi aplicada. A liminar concedida pela Justiça Federal, diz ele, deve interferir nos próximos passos do exame.

– Vamos colocar a consultoria jurídica [do ministério] para analisar [os efeitos] sobre o próximo evento previsto, que é a divulgação dos resultados em janeiro. Na prática, a decisão foi tomada no momento em que o Enem já se realizou.

Haddad ressalta que o ministério vai tentar “sensibilizar” a juíza que tomou a decisão, já que o principal argumento dela é de que a reaplicação do Enem para os estudantes prejudicados significaria uma condição desigual. Segundo ele, a TRI (Teoria de Resposta ao Item) – um mecanismo matemático aplicado na escolha das questões da prova – garante que os exames têm dificuldade igual, mesmo se aplicados em épocas diferentes.

As informações foram dadas em entrevista coletiva. O ministro ressaltou que, no ano passado, foram aplicadas duas provas para o Enem – estudantes de municípios no interior do Espírito Santo que foram afetados pelas chuvas tiveram uma segunda chance, e a dificuldade da avaliação aplicada teria sido a mesma.

O ministro afirmou ainda que vai recorrer, caso a juíza não mude sua decisão.

 

Justiça Federal concede liminar para suspensão do Enem

A Justiça Federal do Ceará aceitou pedido de liminar do Ministério Público Federal do estado nesta segunda-feira (8), que pede a suspensão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2010. A juíza da 7ª Vara Federal, Karla de Almeida Miranda Maia, aceitou a argumentação de ação civil pública do MPF, que afirma que erros no exame causaram prejuízo para os candidatos. A decisão tem efeito em todo o Brasil. Cabe recurso.

 

O Enem 2010 foi aplicado neste fim de semana, em todo o país. No sábado, estudantes reclamaram de erros na folha de respostas e na prova amarela. O Ministério da Educação (MEC) já admitiu as falhas.

A decisão da Justiça cita erros de impressão no cartão de respostas e nas provas amarelas, além de erros na aplicação da prova, como o caso de um repórter que entrou com um celular na sala de provas.

“A disponibilização de requerimento àqueles estudantes prejudicados pela prova correspondente ao caderno amarelo, e a intenção de realizar provas apenas para os que reclamarem administrativamente não resolve o problema. Novas provas poriam em desigualdade todos os candidatos remanescentes. Do mesmo modo, novas provas não solucionaram o problema da segurança na aplicação do exame”, diz trecho da decisão.

Ainda, de acordo com a decisão, a juíza havia indeferido um pedido de liminar do MPF, que solicitava a não realização do Enem. Com os erros do exame no sábado (6) e no domingo (7), a juíza decidiu aceitar o pedido de suspensão nesta seguda-feira.

“Nada obstante, as falhas havidas na aplicação das provas do Enem nos dias 6 e 7 deste mês de novembro não só confirmam o justo receio, manifestado pelo órgão ministerial, como vão além, tornando, concretizado o justo receio em erros palpáveis e bem delineados, sobejamente justificadores do pedido liminar ora apreciado”, afirma a decisão.

A juíza comenta ainda o fato de vários estudantes terem perdido tempo devido aos problemas no exame. “Além disso, há situações em que houve apenas perda de tempo precioso para o aluno. Nessas hipóteses e noutras, qual seria o remédio para essa falha de aplicação das provas? Essa transgressão dos direitos públicos subjetivos dos candidatos requer que se suspenda o processo do Enem a fim de se avaliarem, de modo percuciente, as soluções efetivas”, diz outro trecho.

Em nota publicada no site, o Ministério da Educação afirmou que a preocupação da magistrada referente à igualdade de condições dos concorrentes está assegurada pela utilização da Teoria de Resposta ao Item (TRI). De acordo com o texto, a consultoria jurídica do MEC/Inep conclui esclarecimentos para a Justiça Federal do Ceará.

Segundo a nota do MEC, a TRI permite a comparabilidade no tempo. “Em 2009, por exemplo, foram aplicadas duas provas distintas em momentos distintos, em virtude de inundações em duas cidades do Espírito Santo e as provas nos presídios”, diz a nota.

Ainda de acordo com o texto do MEC, com a TRI, o conjunto de modelos matemáticos usados no Enem permite que os exames tenham o mesmo grau de dificuldade. Testadas antes da prova, as questões ganham um peso que varia de acordo com o desempenho dos estudantes nos pré-testes — quanto mais alunos acertam uma determinada pergunta, menor o peso que ela terá na prova porque o grau de dificuldade é supostamente menor.

A aplicação da teoria da resposta ao item é frequente nas avaliações em testes de múltipla escolha aplicados em diversos países, de acordo com o MEC. “No Brasil, a TRI é usada desde 1995 nas provas do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que mede o desempenho de estudantes do ensino fundamental e médio. Em 2009, foi usada pelo Enem com o objetivo de garantir a comparação das notas do exame daquele ano com os seguintes”, conclui a nota do ministério.

 

Vamos tentar reverter decisão da Justiça sobre Enem, diz Haddad

O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou em entrevista coletiva nesta segunda-feira (8) que o ministério irá tentar reverter a decisão da Justiça Federal do Ceará de suspender, em caráter liminar, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O ministro disse ainda que não trabalha com a hipótese de anular o exame nem de refazer as provas aplicadas no sábado (6) para todos os inscritos.

O Enem 2010 foi aplicado neste fim de semana, em todo o país. No sábado, estudantes reclamaram de erros na folha de respostas e na prova amarela. O Ministério da Educação e a gráfica responsável pela impressão admitiram as falhas.

A decisão foi tomada nesta segunda-feira pela juíza federal da 7ª Vara Federal, Karla de Almeida Miranda Maia, que aceitou a argumentação de ação civil pública do Ministério Público Federal. A ação afirma que erros no exame causaram prejuízo para os candidatos.

Segundo Haddad, o ministério irá explicar à juíza que o uso da Teoria de Resposta ao Item (TRI) permite a comparabilidade no tempo de provas distintas. “Nós vamos levar à consideração da juíza o que nos parece ser sua maior preocupação, que é o fato de que as pessoas estariam submetidas a provas diferentes quando o exame for reaplicado. Mas o TRI permite que elas sejam submetidas a questões de mesmo peso”, disse o ministro.

Caso a juíza mantenha a decisão, o MEC irá recorrer da decisão em instâncias superiores, de acordo com Haddad.

Haddad afirmou que o MEC recebeu poucos relatos de casos de necessidade de substituição de provas. “Há poucos relatos [de prejudicados na prova] esparsos pelo país e um relato mais concentrado em uma escola em Sergipe. A prova será reaplicada para quem foi prejudicado. A grande vantagem que nós temos é que, como o Enem, desde o ano passado, responde pela Teoria de Resposta ao Item, essas provas são rigorosamente comparáveis e não é necessário anular o exame como um todo”, afirmou.

Sobre a folha de respostas das provas do sábado (6), que foi impressa com os cabeçalhos invertidos, o ministro da Educação afirmou que terá de apurar. “Temos que apurar a cadeia de responsabilidades nesse caso específico”, disse.

No caso das provas amarelas, o ministro da Educação afirmou que a falha do controle de qualidade da gráfica em 21 mil provas, é uma porcentagem muito pequena. “O Inep fez a checagem da matriz da prova, que não tinha problemas. Não tinha como folhear todas as provas”, afirmou.

 

Enem cancelado’ e ‘justiça federal’ no trending topics mundial do Twitter

RIO – Após a decisão da justiça federal do Ceará de determinar a suspensão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2010, os termos “Enem cancelado” e “justiça federal” entraram na lista de assuntos mais comentados no Twitter (trending topics) no mundo. Entre os assuntos que mais repercutiram na rede social no Brasil, também estão desde cedo “Haddad”, “#enemfail” e “#apoiohaddad

Globo fará ‘Big Brother’ virtual

A Globo está preparando uma versão virtual do Big Brother Brasil, informou a coluna Zapping, do jornal Agora São Paulo. Ainda em fase de desenvolvimento, o reality na web poderá dar ao vencedor uma vaga para o BBB 11, que começa em janeiro. Segundo o diretor, Boninho, os competidores selecionados vão disputar provas e tarefas como se estivessem confinados na vida real.

Eles serão representados por perfis em um site que a equipe do BBB está criando. A partir de segunda-feira (4), será iniciada uma nova fase de seleção dos participantes do Big Brother, com entrevistas via internet.

 

BBB 11 já tem data de estreia e dará prêmio de R$ 1,5 milhão

Big Brother Brasil 11 vai estrear dia 11 de janeiro e, desta vez, vai pagar R$ 1,5 milhão ao ganhador, informou a coluna Sessão Extra, do jornal Extra. O segundo e terceiro lugares levam, respectivamente, R$ 150 mil e R$ 50 mil cada um.

As inscrições para a 11ª edição do programa já terminaram. Dos 15 participantes, apenas um já foi escolhido. No site oficial do reality show tem um teste para os interessados treinarem para o BBB 12.

 

‘Se fez isso, precisa ser punida’, diz pai de Mayara Petruso

Antonino Petruso diz que Mayara escreveu bobagem no calor do momento.
Ministério Público Federal e Polícia Civil analisam declarações no Twitter.

Antonino Petruso, pais da autora de mensagens contra nordestinos, é dono de dois supermercados em Bragança Paulista (SP)

 

O pai da estudante de Direito Mayara Petruso, que teria postado mensagens contra nordestinos no Twitter e que pode ser alvo de investigação do Ministério Público Federal, defende que, se a filha cometeu o crime, ela deve ser punida. Ele também se disse contrário ao teor das postagens. “Ela nem imagina o quanto o Nordeste é lindo e o quanto os nordestinos são boa gente”, disse ele.

Na casa da mãe de Mayara, a avó Magda Penteado informou que a jovem está em São Paulo, incomunicável. “Ela está muito abalada e não vai falar com ninguém. Se ela fez algo errado, cabe à Justiça decidir a punição”, disse. A mãe de Mayara, Luciana, foi a São Paulo ficar com a filha, segundo a avó.

 

Mensagem causou revolta entre usuários do Twitter
G1 conversou com Antonino Petruso no escritório de um de seus dois supermercados em Bragança Paulista, a 90 km de São Paulo. Ele contou que, apesar de pai, não é próximo de Mayara. A jovem de 21 anos é fruto de um relacionamento extraconjugal de Petruso. Ele tem ainda três outras filhas, que segundo ele, estão sendo perseguidas sem nem conhecerem a irmã.

“Minhas outras filhas estão sendo atacadas. Minha caçula, que também faz Direito, foi ridicularizada em sala de aula”, contou Petruso. “Se a Mayara fez isso, ela precisa ser punida. Mas minhas outras filhas não tem nada a ver com isso”, disse.

O caso começou no domingo passado, após a eleição de Dilma Rousseff à Presidência da República. Irritados com a decisão das urnas, alguns usuários do Twitter começaram a insultar moradores do Nordeste. Entre as mensagens estava a de uma usuária identificada como Mayara Petruso.

Ao longo da semana, o Ministério Público Federal recebeu documentos da Ordem dos Advogados do Brasil de Pernambuco e da procuradora regional de São Paulo Janice Ascari pedindo a investigação do caso. O MPF prepara um laudo que deve ficar pronto na próxima semana. A Polícia Civil também abriu inquérito sobre as mensagens. Se ficar comprovado o crime, Mayara pode responder por racismo e incitação ao homicídio.

Antonino Petruso contou que a família tem sido alvo de críticas. “É preciso separar as coisas. Se ela pensa isso, é um pensamento dela, individual. O resto da família Petruso discorda totalmente dessa mensagem”, disse ele.

Vítima de um sequestro onde acabou levando um tiro nas costas, Petruso tem medo da violência e evita sair em fotos. Ele é dono de dois mercados. “Não é nada grande. Somos de classe média, gente simples.”

O pai acredita que Mayara “não sabia o que estava dizendo”. “Realmente não acredito que seja o que ela pensa. Mayara é uma jovem carinhosa com as pessoas. Ela é tranquila, até um pouco tímida. Não é uma menina arruaceira”, afirma.

Para o empresário, ela falou “uma bobagem no calor do momento”. Eleitor de Dilma, ele acredita que Mayara “nem entende nada de política.”

“Às vezes, as pessoas se transformam quando estão atrás de um monitor. É por isso que esse caso precisa ser punido, para que sirva de exemplo para outras pessoas que pensam a mesma coisa. É triste que tenha que ser a minha filha, mas é a lei”, disse.

Ele também afirmou que vai ajudar a pagar um advogado para Mayara se for preciso. “Não para que ela seja inocentada, caso seja culpada. Mas porque ela tem direito à defesa e é minha filha.”

 

 

 

Mayara Petruso MP vai avaliar se investiga racismo contra nordestinos no Twitter

Uma série de mensagens preconceituosas contra nordestinos publicada no Twitter a partir do último domingo (31) pode ser alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF) após uma procuradora regional de São Paulo ter encaminhado um ofício sobre o tema nesta quarta-feira (3). A seccional de Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE) também anunciou que vai oferecer uma notícia-crime junto ao MPF-SP na quinta-feira (4), segundo o presidente da seccional pernambucana da ordem, Henrique Mariano.
As mensagens de ataque a nordestinos começaram no final de domingo, após a eleição de Dilma Rousseff para a Presidência. Entre as mais republicadas estava a de uma jovem identificada como Mayara Petruso, que chegou a figurar na lista de assuntos mais comentados do Twitter.
A procuradora regional Janice Ascari recebeu as mensagens em sua página na rede social, imprimiu os arquivos e os encaminhou nesta quarta ao Ministério Público Federal. “Constatei condutas irregulares de preconceito e discriminação na esfera nacional. Existe uma lei para isso. Não pude deixar de ver e fazer o meu dever”, disse Janice, que se identifica como “paulista, paulistana e absolutamente contrária a qualquer forma de discriminação”.
“Eu, como procuradora regional, sendo um caso da esfera nacional não tenho autoridade para abrir a investigação. Então repassei às autoridades competentes”, afirmou.
O presidente da OAB-PE afirma ter reunido documentos tirados da internet e conseguido o endereço de Mayara Petruso em São Paulo. Todas as informações serão encaminhadas ao MPF. Henrique Mariano diz que pedirá que a autora das mensagens responda pelos crimes de racismo e de incitação pública ao crime de homicídio. “Ela pede, em sua mensagem, que as pessoas afoguem nordestinos”, explica.
Mariano falou também sobre relatos de que a jovem seria estudante de Direito. “É uma postura inadmissível para qualquer ser humano, mas é especialmente triste ver uma atitude dessa vinda de uma acadêmica do Direito. É uma posição que contraria todos os princípios norteadores da profissão que ela diz querer seguir”, afirma.
As páginas que originaram as postagens no Twitter foram excluídas. Mesmo assim, Janice Ascari afirma que é possível identificar a autoria das mensagens. “É um mito essa história de que as pessoas são anônimas na internet”, afirma.
A assessoria de imprensa do Ministério Público Federal informou que só pode se manifestar sobre o caso após um de seus procuradores analisar as denúncias.
A análise pode levar a uma investigação do próprio MPF, o encaminhamento do caso à Polícia Federal ou ainda o arquivamento, se o caso não for considerado crime.
O escritório de advocacia Peixoto e Cury informou nesta quarta que Mayara Petruso foi sua estagiária “mas não faz mais parte dos quadros do escritório”. “Com muito pesar e indignação, [o escritório] lamenta a infeliz opinião pessoal emitida, em rede social, pela mesma, da qual apenas tomou conhecimento pela mídia e que veemente é contrário, deixando, assim, ao crivo das autoridades competentes as providências cabíveis”, disse em nota.
O G1 tentou entrar em contato com Mayara Petruso na tarde desta quarta, sem sucesso